domingo, 5 de julho de 2009

NOS CÍRCULOS DE CONVIVÊNCIA

Abaixo, trecho do cap. 14 - Cargos e Responsabilidades, do livro Lírios de Esperança, de Ermance Dufaux, retratando diálogo entre Dona Modesta e Selena, recém-desencarnada e que durante a vida terrena havia exercido a presidencia de uma casa espírita. Leiamos:

...- "Meu cargo! Foi com tanto sacrifício e renúncia que cheguei até onde cheguei. Eu tinha as melhores intenções. Será que fiz mal?
- Preciso convir que, o desejo sincero a que você chama de melhores intenções costuma ser inegável em muitos casos. Isso, porém, não é suficiente para a criação de laços autênticos e duradouros, tecidos através da lealdade aos nossos reais sentimentos. Conviver é um desafio, Selena! Ainda que imbuídos das melhores intenções, nosso egoísmo é saliente demais para permitir-nos conviver à luz das propostas do autêntico amor. Você não fez nada por maldade. Quase sempre, nossos relacionamentos são como uma casa sobre a areia, sujeita a ruir perante frágeis intempéries. Porque não possuímos qualidades morais suficientes, adotamos dois caminhos nos relacionamentos.
- Quais?
- O controle e a indiferença. Raramente escapamos a esses desatinos ético-emocionais. Não fomos educadas para conviver. Somos recém-egressos do instinto. Somente agora iniciamos os primeiros passos na senda do altruísmo, do desprendimento, da solidariedade e, da caridade cristã. A noção que trazemos de família e amizade está sufocada por lastimável dose de interesse pessoal e amor próprio. Se não conseguimos controlar alguém, quase sempre utilizamos o mecanismo da indiferença, isto é, a negação da diferença. O tema é extremamente profundo e sutil. Por essa razão, a fraternidade e a construção do afeto nos círculos de convivência ainda são obras sofríveis para almas como nós. (...)

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