sábado, 1 de outubro de 2011

A ESCOLHA DA MELHOR PARTE


O evangelista Lucas, culto e sensível, registrou passagens e ensinamentos de Jesus que os demais mensageiros da Boa Nova deixaram escapar, como podemos observar.
Estando em Betânia, povoado próximo à Jerusalém, o Mestre acedeu ao convite de Marta, irmã de Maria e Lázaro, para estar com eles.
Maria, fortemente impressionada pelas palavras do Senhor, sentou-se aos seus pés. Marta, diferentemente, entregou-se aos afazeres domésticos, sendo docemente repreendida: “Marta,, Marta, tu te inquietas com muitas coisas nem sempre necessárias. Faça como Maria que escolheu a melhor parte” (Lucas, 10, 38 a 42)
Na esteira do tempo, escoaram-se séculos de apatia espiritual. Ainda hoje, vemo-nos com a síndrome de Marta. Com enormes prejuízos para a alma, as preocupações dominantes da sociedade humana raramente ultrapassam as fronteiras da ansiedade e da angústia com os bens materiais e com a cura dos corpos.
Por mais luz que o Espiritismo faça sobre a questão, mesmo entre nós espíritas, o cenário, com honrosas exceções,é praticamente o mesmo.
Longe de qualquer postura fanatizante, sabemos que os bens transitórios de qualquer natureza têm relativa importância para nossas realizações,enquanto estagiamos na carne.
Mas não nos basta a saúde do corpo e a do bolso. Primordialmente, devemos considerar que não encontraremos o que buscamos sem a indispensável harmonia mental, sem o equilíbrio psíquico, matrizes de todas as conquistas.
Todos os recursos ponderáveis vêm da imponderável força interior.
A mente está na base de todos os fenômenos da vida. Tudo estás em nós!
Quando o Espírito de Verdade pediu que nos instruíssemos, além de nos amarmos, patenteou a grandeza libertadora do conhecimento.
A aquisição do conhecimento espírita dá-nos a plena compreensão dos fatos, leva-nosà origem dos males, realça, com impressionante clareza, os valores imorredouros do Bem.
Ao dominarmos os mecanismos do pensamento, com a energia da razão espiritualizada, “vigiando e orando” sempre, teremos o essencial e a saúde integral.
O peso dos nossos conflitos íntimos e exteriores desaparecerá paulatinamente, proporcionando-nos a leveza do ser, com a constante sensação de paz.
Esta é a “melhor parte” que jamais nos será tirada, porque se instalará em nossa personalidade eterna.
Marta simboliza o imediatismo do mundo, enquanto Maria dá-nos vibrante exemplo de sabedoria.

Fonte: editorial do jornal MUNDO ESPÍRITA, da Federação Espírita do Paraná, edição de abril de 2011, número 1521.

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